Eram 16h00 e eu só sonhava em deitar-me na minha cama e dormir. Mas como? Se tinha ainda pelo menos uma hora de trabalho pela frente, a reunião semanal de condomínio às 18h00, jantar para fazer e a minha cadelinha que anda adoentada para cuidar? Pode talvez parecer estranho para os mais novos, mas a maioria das mulheres da minha geração foi criada com o sentido do dever permanente e mais ainda, que eu tentei explicar no post anterior: super-mães, super-trabalhadoras. super-donas-de-casa, super-elegantes e cuidadas, sempre. Custe o que custar, sem desculpas, sem descanso, porque a vida é assim e pronto.
Mas a vida não é «assim»! Então, ontem, terminei como pude a tarefa em que tinha em mãos, adiei a reunião do condomínio, verifiquei que havia jantar suficiente para as duas pessoas que o esperavam, e o meu filho, que até ia para o seu primeiro jantar de curso, cuidou da minha cadelinha. Tratei então de mim: tomei um caldo quente, coloquei o frasquinho de Própolis e a caixa de Aspegic na mesa de cabeceira, vesti o pijama e fui mesmo dormir! Como hoje é feriado, com exeção da reunião de condomínio, tenho três dias para cuidar de mim. Contudo, pensando melhor, será que tenho mesmo?
Na verdade, durante estes três dias e salvo se chegar aos 39º. de febre, o que me aconteceu há dois anos, é que, tal como acontece com a bendita reunião do condomínio (ca 2 horas), terei de levar a cabo uma série de tarefas planeadas para este fim-de-semana alargado, incluindo uma ida a um gigantesco centro comercial (shopping) para concertar a impressora avariada e levantar uma receita de oftalmogia! Fora as compras da semana por fazer. Quando de fato o que eu queria mesmo (e já agora o que precisava e que merecia também) era estar sozinha-comigo, sem obrigações de espécie alguma.
Mudar é muito difícil, mas não é impossível. Temos de estar permanentemente atentos às nossas atitudes condicionadas às más rotinas que tanto contribuímos para que se instalassem. Manter em permanência um olhar distânciado sobre nós no nosso quotidiano é fundamental para não cairmos nas nossas próprias armadilhas e para nos exigirmos aquilo a que temos direito: sermos o melhor de nós!
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