sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Não-vida

Percebi esta semana que em 2014 apenas escrevi aqui 12 posts e não consigo mais fingir que isso nada significa. Sei que foi a vida, ou antes, a doença e a morte que me têm impedido de o fazer... Depois de um período de stress em que me tive de tratar dos problemas da L5, L4 e L3, a vontade de aqui escrever foi-se esvaindo. Com a vontade de viver!

Depois de mais de 12 anos a acompanhar a depressão do meu filho, umas vezes mais forte, outras mais fraca, acabei por aceitar a anormalidade de viver com um jovem muitíssimo doente. Agora, contudo, o sofrimento em que ele vive e a lucidez com que encara o quotidiano e o futuro não admitem mais faz de conta, nem distrações. A morte passou a viver na nossa casa e é impossível não a encarar de frente.


Tento cumprir a minha parte do dia-a-dia no trabalho, e manter uma postura de combate e de recusa em baixar os braços, mas por dentro vivo em estado de hibernação e de sonambulismo no meio de um deserto. Sinto uma grande indiferença por todos e por tudo à minha volta. Faço de conta que estou viva, mas não há nada que me dê ânimo. Não perdi ainda a esperança, mas estou muito perto disso.