quinta-feira, 21 de março de 2013

Dia 171: «Here comes de sun,tu ru ru ru»: chegou a Primavera!

Para clicar agora e voltar logo aqui.

Here comes the sun
Here comes the sun
And I say
It's all right




Little darling...

Little darling
It's been a long cold lonely winter
Little darling
It feels like years since it's been here




Here comes the sun
Here comes the sun
And I say
It's all right



Little darling
The smiles returning to the faces

 
 

Little darling
It seems like years since it's been here



Here comes the sun
Here comes the sun
And I say
It's all right




Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...
Sun, sun, sun, here it comes...


  
  
Little darling
I feel that ice is slowly melting



Little darling
It seems like years since it's been clear



Here comes the sun
Here comes the sun
And I say
It's all right



Here comes the sun
Here comes the sun
It's all right
It's all right 


Este ano a Primavera chegou-nos às 11h02 de 20 de março, no primeiro Dia Internacional da Felicidade, e ficará connosco, os do Hemisfério Norte, até às 05h04 do dia 21 de junho. Trouxe o sol... tu ru ru ru... e pôs-nos a todos a falar da felicidade.

It's been a long cold lonely winter... mas nestes tempos difíceis, abriu-se hoje um lugarzinho de alegria de viver!

domingo, 17 de março de 2013

Dia 168: Aprender a vermo-nos «fora de nós»

Uma das consequências que o compromisso de viver «um ano sem compras» me tem revelado é a de permitir que comecemos a ver-nos de fora de nós próprios. Este exercício que a psicoterapia ou o yoga ou a meditação, entre diversas outras práticas, também ensinam é essencial ao crescimento interior.

Da psicologia há muito que sabemos que cada um de nós tem a sua própria perceção dos outros, do mesmo modo que todos temos uma imagem mais ou menos desviada da nós próprios, seja ela física, psicológica ou ambas. E em geral não coincidem. Achamo-nos quase sempre ou mais bonitos ou mais velhos ou mais gordos ou mais sedutores ou mais limitados do que na verdade somos. E isto longe dos casos patológicos em que a imagem real e a subjetiva se encontram completamente desajustadas (complexo de superioridade, anorexia...). 

Conhecermo-nos e à realidade em que vivemos.

Ao exercermos com regularidade esta prática de nos vermos na qualidade de espetadores de um filme no qual somos as personagens principais, vamo-nos progressivamente dando conta do que origina muito do que nos acontece e que sentimos no quotidiano. Para quem nunca o fez é uma revelação: em situações de tensão sobretudo, umas vezes somos nós próprios que inconscientemente provocamos o que nos sucede, outras vezes são, também mais ou menos inconscientemente, os outros quem despoleta em nós sentimentos os mais diversos: mágoas, revolta, alegria, comoções... antes inexplicáveis.
Como todas as práticas, é sempre mais difícil no início. Um psiquiatra explicou-me uma vez que numa conversa a dois, podem estar vários eus reunidos: eu, o outro, eu a observar o outro, o outro a observar-nos aos dois... Numa típica situação psicoterapeutica estão quase sempre três: o analista, o paciente e o analista observando os dois. Muitas vezes, quando a terapia é aprofundada, são pelo menos quatro os que se reúnem, já que o próprio paciente apreende esta mesma técnica e  consegue ver-se a si e ao outro em relação terapêutica e simultaneamente na relação pessoal.

Ver o que os outros não veem.
Tentar vermo-nos «de fora» ensina-nos muito sobre nós próprios, sobre os outros, sobre a influência que detemos na realidade em que vivemos e, evidentemente, sobre a nossa a qualidade de vida. Exige um grande autocontrole e, pelo menos de início, uma espécie de voto de silêncio ou, pelo menos, uma atitude de retirada face a intervenções ou respostas espontâneas e emotivas. Nestes casos, quando solicitados a intervir, devemos afirmar que gostaríamos de pensar melhor, dizer que ainda não refletimos sobre o assunto ou, no mínimo, pedir que nos repitam a pergunta.

Treinar quando estamos sozinhos é uma boa forma de nos iniciarmos nesta prática: imaginando-nos com uma câmara, a filmar o lugar onde estamos e nós nesse lugar. Ajuda também relatarmos essa situação em voz alta, na terceira pessoa, como alguém que conta uma história: 

«Quando entrei no apartamento percebi logo que ali viviam várias pessoas. Na cozinha, à direita do hall de entrada, estava uma cafeteira ao lume e havia várias canecas sobre a mesa, ao lado da janela. De um quarto ao fundo do corredor, chegava uma conversa em inglês, acompanhada de uma banda sonora. O cheiro a incenso vinha da sala, em frente à cozinha. Aí, sentada num cadeirão de «orelhas» e embrulhada numa manta, estava uma mulher com a cara escondida por uma franja inclinada sobre um pequeno notebook onde escrevia.»

Adotarmos esta terceira visão num contexto em que estamos sós, mas com outros - como quando estamos sozinhos num café ou na praia -, pode considerar-se talvez uma segunda etapa, na medida em que a tendência será a de observarmos os outros como sempre o fizemos, quando agora o que nos interessa é assumir um olhar o mais objetivo possível. Um olhar estrangeiro que tenta perceber por que razão sentimos empatia, indiferença ou repulsa pelos outros. Ao mesmo tempo que tentamos ainda vermo-nos através dos olhos dos outros: «o que pensará de mim aquele senhor a ler o jornal? E o casal com filhos pequenos? E a empregada que serve à mesa?».

Num grupo, seja no trabalho ou num acontecimento social, colocarmo-nos de fora é mais difícil porque estamos em relação com os outros, dentro de nós e fora de nós. Ou seja, somos três. De ínício, temos de ir saltando entre cada uma destas perspetivas, um pouco ao sabor do que formos capazes, mas com o treino, vamos conseguindo começar por rebobinar o filme do que vivemos em cada uma das três representações da realidade e, mais tarde, conciliá-las, fazendo o que os psicoterapeutas também designam como perlaboração (do francês, «trabalhar interiormente por si próprio»): processo pelo qual o psicanalisando integra uma interpretação e supera as resistências que ela suscita; elaboração interpretativa.

Ouvir atentamente os outros, prestando atenção às suas palavras, mas também à respetiva postura corporal constitui um treino complementar que naturalmente acabamos por dominar. Ajuda muito também solicitar a opinião de outros sobre uma determinada pessoa ou situação e de seguida propor-lhes uma apreciação contrária, um ponto de vista completamente diferente: questionar o que nos é dado como certo e o que consideramos como adquirido, e perguntarmo-nos por que temos ou consolidámos uma determinada convicção sobre alguém ou sobre um acontecimento.

Com esta prática, não apenas podemos tornar a nossa vida muito mais rica, como aprender a valorizar o melhor de nós. Acredito que possa parecer difícil, mas com o tempo torna-se numa atitude natural e depois é só continuarmos a ir por aí.
Aprender a viver o melhor de nós.
É por tudo isto que penso que o compromisso de «um ano sem compras» obriga muitos dos que o fazem a continuá-lo depois de uma forma alargada em direção ao nosso coração e a uma vida melhor, no sentido ético e global destes termos. Porque, quando iniciamos o processo de um crescimento interior consciente, é muito provável que este se torne num caminho irreversível.

Caminhar.