Ando há mais de duas semanas a adiar a minha ida ao centro comercial Colombo, um dos maiores da área de Lisboa. Tenho mesmo de lá ir para tratar de dois assuntos que não posso tratar noutro lado. É essa também uma das grandes atrações dos centros comerciais, independentemente de todas as estratégias mais ou menos subliminares de consumo que aplicam: reúnem também todo o tipo de lojas e serviços de que necessitamos.
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Centro comercial Colombo. |
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Centro comercial Colombo, pormenor. |
Acredito que possa demorar algumas gerações até que os habitantes do nosso planeta se apercebam do que está por detrás do consumismo. É uma questão de literacia e de sensibilidade
também. E, no entanto, acredito que é cada vez maior o número de pessoas que
vive e pensa como nós, a caminho de uma vida minimalista. Um exemplo, que foi uma surpresa também para mim, é o do Center for a New American Dream não apenas pelo que fazem e divulgam, como por afirmarem que estão a redefinir
o «sonho americano»... o símbolo do coração vibrante
da América e uma maiores forças intrínsecas deste povo!
Aqui, na Europa, parece-me cada vez mais evidente a vontade manifesta de viver uma
vida não consumista. Em Portugal, muito também por causa da crise com certeza: com 16% de desempregados e cortes salariais na ordem dos entre 5 e 10%, as famílias têm pouco dinheiro e muito medo do futuro. Por isso talvez, mesmo com o pouco que têm muitos
decidiram começar a poupar. A retração do consumo foi, de há um ano a esta parte, tão violenta que milhares e milhares de lojas de comércio e serviços fecharam umas atrás das outras, em todas as ruas e avenidas de todas as cidades e vilas portuguesas.
A crise também se fez sentir e muito nos shoppings mais pequenos que começaram a... fechar: umas quantas lojas primeiro, para arrendar,
depois um corredor inteiro encerrado ao público, depois outro. Entretanto, o
shopping começa a perder brilho, a ficar sujo, muitas lâmpadas fundidas não voltam a ser
substituidas. Um dia passas por lá e encontras apenas um café aberto, a
lavandaria e a ilha das «nails»! E então o shopping fecha. Ou vai
prolongando a sua agonia no tempo, em stand by: «Aguentar-se-á?» é a pergunta
que todos os frequentadores que por lá ainda deambulam fazem. Neste caso, estou a pensar concretamente no segundo centro comercial de bairro mais antigo de
Lisboa, o Centro Comercial Roma, inaugurado nos anos 70.
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Centro comercial Roma. |
A mim, os grandes-gigantescos centros comerciais sempre me incomodaram, fisicamente,
diga-se. Fosse pelo ar forçado, pelo excesso de luz artificial ou pelo ruído de
fundo de todas as máquinas ali concentradas, o meu limite de permanência nunca excedeu as 2 horas. E
espaçadas no tempo. Claro que fui muito ao shopping, como todos nós, e pelo menos na primeira hora com indesmentível satisfação!
Mas com o
tempo comecei a sentir uma espécie de enjoo de consumo, sendo o de comprar
roupa o primeiro a manifestar-se! Hoje só vou a um centro comercial obrigada e faço-o com sacrifício, tanto mais que os três ou quatro que ainda «brilham» ficam longe de minha casa,
obrigam a ir de carro, a pagar estacionamento e a estar lá um tempo médio
em geral superior ao meu limite. Será possível que eu seja apenas uma das poucas aves raras a quem isto aconteceu?
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A ler, por adultos e crianças![]() |
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