domingo, 10 de janeiro de 2016

Receita para lidar com os Dias-Não

É verdade, sim, não tenho conseguido ainda combater efetivamente os Dias-Não. Isto na prática, porque a teoria conheço-a toda de cor e há muito.

Receita para vencer Dias-Não
  1. Estar alerta para os sinais de que o Dia-Não está a chegar, assim como quem não quer nada connosco que é quase sempre assim que nos chegam...
  2. Evitar a todo o custo reunir sistematicamente todas as razões do mundo que nos assistem para estarmos de rastos, o que é já a primeira aceitação do Dia-Não.
  3. Falarmos com um amigo-mesmo sobre a razão por que nos sentimos em Dia-Não e pedir-lhe que nos diga se temos ou não temos razões objetivas para nos sentirmos assim tão-tão tristes e infelizes.
  4. Focarmo-nos numa atividade intensa que exija a maior parte de toda a nossa atenção: andar a pé durante pelo menos 30 minutos, ver um bom filme, começar e acabar uma tarefa que vimos adiando se possível acompanhada de uma bom «som», fazermos exercícios respiratórios (pranayama) no mínimo durante 10 minutos.
  5. Darmo-nos o direito de nos mimarmos: sair mais cedo do trabalho, ir a um SPA, comer um bolo de chocolate na melhor pastelaria das redondezas...
  6. Distanciarmo-nos fisicamente do quotidiano: fazer uma pequena viagem, ir uns dias para um hotel ou para casa de amigos (com eles ou sem eles lá). 
Estes tópicos podem na verdade resumir-se a um único: não deixarmos de nenhuma forma que o Dia-Não se instale em nós. Se conseguirmos manter o Dia-Não bem à distância, não passará de uma Hora-Não. Ou menos ainda, de uns Momentos-Não.

Porque os problemas que originam os Dias-Não vão sempre existir. Com exceção de alguns casos de doenças graves, os Dias-Não nascem sobretudo de uma interação mais ou menos confusa e negativa entre o nosso mundo exterior e o nosso mundo interior, às vezes vice-versa. 

Assim, para começar, temos de fortalecer o nosso eu interior, porque, em princípio é aquele que dominamos melhor, de todas os modos possíveis: uma tarefa para todos os dias, que nunca acaba, mas que é (e esta é a parte boa) tendencialmente cumulativa. Quanto ao mundo exterior, se temos também de fazer um esforço para o controlar, nunca o poderemos fazer na totalidade e a vida deixava até de ter qualquer graça. Assim, temos de aprender a dar-lhe «a volta». Há muitíssimas maneiras de o fazer, mas é necessário experimentar quais as que funcionam melhor para nós. Encará-las como um desafio pode tornar-se mesmo estimulante. Há quem lhe chame «saber viver».





1 comentário:

  1. Querida, concordo totalmente. Ando tentando =D. Já leste o "A Guide to the good life", do William B. Irvine? Ele fala sobre a filosofia de vida dos estoicos e procura adaptá-la para os tempos modernos. Esclareço que o estoicismo filosófico foge um pouco do senso comum que temos sobre o estoico, aquela pessoa impassível diante das tristezas E das alegrias. Não é bem isso...

    Um dos fundamentos da filosofia é justamente a consciência de que devemos nos (pre) ocupar com o que podemos controlar. No meu caso, não adianta me afligir com a prova do concurso que farei. Minha meta não pode ser "ser aprovada", porque isso não depende só de mim e pode não acontecer - o que me deixará frustrada e triste. Já se minha meta for algo ao meu alcance, como "me preparar o melhor possível", ficarei contente ao atingi-la, independentemente do resultado da prova.

    Gosto disso =D.

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