sábado, 15 de setembro de 2012

Compromissos e desafios



Quando nos começamos a questionar sobre nós próprios e sobre a vida que até agora vivemos, parece chegado o tempo de iniciar um tempo de distância e de isolamento que nos permita centrarmo-nos num processo de autoconhecimento.

Ganhar distância e isolamento.
 
O Homem de Vitrúvio (Da Vinci).
Penso que é nesse sentido que um projeto como o de «Um ano sem compras», agora tão difundido na Internet, constitui um desafio ao qual diversas  pessoas do mundo desenvolvido se têm proposto. Na blogosfera é relatado na 1ª. pessoa, quotidianamente, e comentado por uma comunidade que nele se revê. Na realidade, trata-se de um desafio à capacidade individual de enfrentar e de controlar os constrangimentos da sociedade de consumo em que vivemos. A maioria das pessoas que o levaram a cabo começou por o achar fácil, tanto mais quanto detinham já uma atitude crítica e culturalmente consciente do modo como, nos países mais ricos do nosso planeta, todos somos, de muitas formas mais ou menos conscientes, enredados no consumismo puro e duro.


Com que nos (pre)ocupamos?
Acompanhar estes depoimentos na Internet elucida-nos, contudo, quanto esta opção se vai revelando, ao longo das semanas e dos meses de um único ano, extraordinariamente difícil. Tanto que muitos desistem algum tempo depois de terem assumido este compromisso pessoal, a que ninguém os obrigara. Outros, tendo levado a cabo esta «experiência», regressam ao consumo ainda que agora de modo mais criterioso e controlado. A verdade é que, deste lado do mundo, crescemos habituados a viver com muito mais do que com tudo o que na verdade necessitamos para viver. Mais ainda, temos tudo em duplicado, em triplicado, em decuplicado MESMO! Então, como podemos a passar a viver outro modus vivendi contra natura, já que este o bebemos com o leite materno e o respirámos de então até hoje?
Lixo espacial orbitando em torno da Terra (NASA) .



Os relatos disponíveis indicam-nos que esta é uma autêntica experiência de confronto com os nossos limites de despojamento, até certo ponto semelhante à de um ano de trabalho com uma comunidade de bosquímanes do deserto do Calahari ou de um retiro num mosteiro tibetano…

  Viver simplesmente

Uma vivência de autoconhecimento e de consciencialização de quem somos de facto e da atitude que temos perante o mundo à nossa volta. Extremamente exigente e libertária. Um percurso iniciático para se aprender a viver uma vida verdadeiramente boa, no sentido filosófico do termo. 
 

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