Li há duas semanas um post de um jovem escritor sobre o que seria para ele um dia perfeito. Um pequeno texto ilustrado com fotografias que lhe fora solicitado pelo Jornal de Leiria. Ao lê-lo pensei imediatamente que era um dia mais que perfeito e disse-lho, acrescentando que gostaria de pensar, também eu, no meu dia perfeito. Quando ele me respondeu que tal não seria das coisas mais impossíveis de realizar, tive de discordar interiormente.
A verdade é que não saberia dizer o que seria para mim um dia perfeito. Comecei então a pensar seriamente nisso, mas foi-me difícil. Interroguei-me se seria possível que eu já nem conseguisse sequer imaginar um dia perfeito para mim.
Quinze dias depois, dei por terminado o programa do que seria, hoje, o meu dia perfeito. Ei-lo:
1. Acordar de madrugada na velha casa de granito da Beira. Fazer um café da minha mistura preferida de robusta e arábica e tomá-lo com uma maçã e uma torrada de pão de centeio com uma fatia de queijo de ovelha.
2. Dar um longo passeio a pé, com os meus amigos, por um trilho da Serra à beira do rio.
3. Fazer uma aula de yoga com o meu professor preferido.
4. Almoçar com os amigos uma sopa e fruta e depois dormir uma sesta.
5. Tomar um duche, estrear um vestido novo e embrulhar-me numa paxemina.
6. Fazer um lume grande na lareira da sala, acender as velas, pôr a mesa para todos, ajudar a preparar (com um bom vinho branco, seco, do Douro) um jantar festivo com amigos e para muitos amigos: esparregado de nabiças, batatas fritas às rodelas fininhas, empadas de galinha, enchidos, salada de frutas, mousse de chocolate, tudo como se fazia antes.
7. Conversar toda a noite, ir petiscando e provando alguns vinhos. Adormecer devarinho, sem dar por isso.
Prometi a mim própria realizar o meu dia perfeito em 2020. O sonho é grátis, como dizia meu filho quando era criança. Só tenho pois de o exercer, mesmo que para mim tal não seja tarefa de somenos.
A ver.