quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Cuidarmo-nos: L5 e lição aprendida?

Este ano, estive seis meses, entre fevereiro e agosto, sem escrever aqui, o que significou não poder dedicar-me a esta reflexão, mais ou menos partilhada que o meu blogue é, sobre como farei eu para viver uma vida melhor. E isto aconteceu porque, para além de esta ser a época do ano em que tenho mais trabalho, fiquei doente. 

Foram-me diagnosticadas discopatias múltiplas, o desparecimneto do disco L5-S1, hérnia na L5 (explicada aqui). Peço-vos pois toda a atenção, porque mais tarde ou mais cedo esta L5-S1 acaba por se manifestar nas nossas vidas e, de tal modo, que não deixa espaço para quase mais nada para além da dor: não podemos nem dormir, nem estar sentados e andar, apenas devagarinho. O médico, ao qual só fui após mais de um mês de dores cada vez mais intensas (como é que eu aguentei, meu deus?), acompanhadas da automedicação do costume (aspegic, ben-u-ron, relmus, voltaren, valium...), acabou por me receitar doses elevadas de anti-inflamatórios, «vitaminas» para as articulações e para os ossos e 35 sessões fisoterapia. Mais 15 daqui a um mês!


O número 5 assinala a famosa L5 (vértebra lombar nº.5).

E como foi que isto me aconteceu? Muito simplesmente: abusei das minhas forças físicas e psicológicas. Moro num 4º. andar sem elevador e carregar pesos, em geral alimentação, é uma tarefa diária, apenas com fim à vista lá para 2016! Depois, o sofrimento concentrado na minha casa (filho e pai do filho com graves depressões) associado a uma indescritível tensão profissional esmagaram... a L5!

«A senhora já foi mais gorda? Como não? E tem tido problemas pessoais? E não sabe que todo o stress se acaba por manifestar na região lombar?», isto dizia-me o médico ortopedista, enquanto eu o olhava com ar de quem nem sabe onde está, nem muito menos quem é. Não queria acreditar no que estava a ouvir: eu nunca fui tão «gorda» como agora, e não, não, senhor, não sabia que o stress podia danificar a L5!

Melhorei muito devagar. Com alguma sorte e muito trabalho não terei de ser operada. Deixei de carregar (tantos) pesos, passei a fazer alguns exercícios de fortalecimento dos músculos, desliguei-me dos problemas profissionais (também muito devagar...), o pai do meu filho melhorou um pouco e voltou para casa dele. 

Tenho de aprender a cuidar mais e muito de mim. Todos os dias. O grande problema é que como não fui educada para isso, como já antes referi, isso significa que é muito mais fácil dizê-lo, até mesmo de um modo intelectualmente elaborado, do que fazê-lo.



Assana (postura de yoga).

4 comentários:

  1. Querida Maria,

    Essas dores lombares são realmente incapacitantes. E tudo o que vc escreveu, de algum modo, me soou familiar (além de um problema similar, tenho um outro: bursite do trocanter). Fuja, se puder, de cirurgias. Por aqui só em casos extremos, pois cirurgias de coluna são de resultado muiiiiito variável e a chance "da emenda ficar pior que o soneto” (dizem isso aí?) é considerável. Fisioterapia (quase contínua), exercícios de alongamento/fortalecimento muscular e mudanças de estilo de vida são o que recomendaram-me. Hoje eu corro, alongo-me e faço musculação. E estou convertendo-me *praticamente* em vegetariana (a ressalva é porque ainda não consigo abrir mão de ovos e de alguns queijos - talvez continue com eles). Maria, cuidar de nós é deveras difícil. Afinal, "somos tão fortes e todos os demais tão frágeis, não é"? Ledo engano. Todos continuarão sem nós, embora provavelmente seguindo caminhos mui distintos daqueles pelos quais nós (as super-hiper) os teríamos conduzido. Há cerca de 10 anos, cansada de ser a auto-intitulada-wonder-woman, e muito, muito decepcionada com a qualidade de alguns relacionamentos, comecei um lentíssimo afastamento de todos que me exauriram por anos a fio (com o meu "consentimento", veja bem!). Vejo hoje que deveria ter começado esse movimento muito antes. Não se trata, é claro, de abandonar pessoas doentes etc. etc. Trata-se, sim, de uma delicada, sutil mudança de "olhar" e de atitude. Não sei se me faço entender. É difícil e custoso mas, no fim, há um delicioso sentimento de resgate de nós mesmas. Hoje eu dialogo comigo o tempo todo, respeito as minhas lágrimas e perdôo-me muito mais. Faça isso por você. Vá aos poucos. Obrigada por compartilhar questões reais. E desculpe-me pela carta-testamento.

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    1. Qrda anónima,
      Eu é que agradeço, e muito, a partilha. Pertencemos a uma geração que ainda foi a tempo de perceber que não podemos estar sempre ao serviço de todos, que temos de «construir» um espaço e um tempo nossos e até mesmo de o exigir a nós próprias. Tivemos mais sorte do que as nossas mães e, por isso, não vejo como poderíamos «ter começado esse movimento muito antes» :)! Vou, sim, por esse caminho da «delicada, subtil mudança de "olhar" e de atitude». O que é sempre mais fácil de dizer do que de fazer, mas dizê-lo também ajuda a fazê-lo.Bj grande

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  2. Querida amiga,
    fico feliz de ver-te de volta ao blog, e triste com as dores que têm te assediado. Mas com calma e cuidados, tenho esperança de que tudo passe.
    És uma pessoa especial, com um coração enorme, no qual cabem inclusive desconhecidos (hoje amigos), como eu e o Leo! O seu carinho e acolhimento foram muito importantes na nossa jornada: nos fizeram sentir que o mundo é cheio de surpresas maravilhosas...
    Beijos com fortes esperanças de melhoras maiores ainda.

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    1. Meus queridos Lud e Leo:
      Penso muito em vocês e no tanto que já me ensinaram sobre o que é verdadeiramente importante na vida... Na verdade, estou muito melhor, vou continuar com a fisioterapia, recomeçar com o yoga e, sobretudo-sobretudo vigiar o meu quotidiano. Para me treinar num eu melhor, que não sofra tanto pelos males do mundo que me rodeia e que não posso, nem tenho como remediar. Bjs, mts, aos dois.

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