Ao longo das últimas semanas procurei conhecer um pouco melhor a comunidade de minimalistas que escrevem blogues. A minha pesquisa centrou-se na América do Norte (EUA e Canadá), na Austrália, na Península Ibérica (Portugal e Espanha), para além do Brasil, claro. Descobri e conheci melhor minimalistas muito diferentes...
Sofisticados, como Bea Jonhson...
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Foto by Green Generation. |
... radicais, como a opção de vida da família Franco:
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Tomé e Hugo, |
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ina, Tomé e Manu, |
relatada por Manu em Notas sobre uma escolha de que também já aqui falei...
... assumidamente citadinos, como Francine Jay do blogue Miss Minimalist
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Francine Jay |
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Joshua Fields Millburn & Ryan Nicodemus |
ou adeptos incondicionais da vida selvagem, como Gregg, uma pessoa aqui do meu lado:
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Small footprint, more sustainable living. |
Gregg Koep enjoying the wild... |
ou uma quase conciliação de ambos, como Sue St. Jean, uma inglesa mestre jardineira
(Master Gardener), um curso muito prestigiado no Reino Unido, e agora em
Rhode Island, USA, defensora da agricultura urbana,
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Sue |
e autora do blogue Less noise, more green, título retirado de uma citação de JRR Tolkien's em The Hobbit: «... long ago in the quiet of the world, when there was less noise and more green...»
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Less Noise, More Green... |
... grandes viajantes, como os meus queridos Lud e Leo de quem também já falei antes:
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...aqui, em Halong bay, no Vietname... |
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... um casal, duas malas, três anos de licença de trabalho. |
... técnicos superiores altamente qualificados, como a juíza de trabalho, Ziula Sbroglio, que já aqui referi também...
Ziula, a pessoa que me convenceu a aprofundar o minimalismo... |
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e autora do blogue Hora de mudar. |
... jovens estudantes, como o espanhol Gorka...
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...autor do blogue homónimo, Gorka Pittarch... |
....jovens trabalhadores como a brasileira Bruna, autora do blogue Uma vida mais simples:
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Bruna e Marcelo... |
e ... mais velhos como Rhonda Hetzel, ex-jornalista técnica australiana, que decidiu reformar-se mais cedo de modo a poder viver uma vida melhor:
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Rhonda, autora de um blogue extraordinário, |
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Down to earth. |
Muitos destes minimalistas editaram já com sucesso, versões em livro dos seus blogues e são frequentemente chamados para diversas conferências e debates. Escusado será dizer que aprendi muitíssimo.
Não sei até que ponto o Minimalismo poderá ser considerado um movimento global. Pode não passar de uma moda, mas gostaria de pensar que é uma tendência que veio para ficar.
A Wikipédia em língua inglesa refere genericamente, na entrada Minimalism, os movimentos artísticos homónimos: das artes visuais (design, conceção do espaço, arquitetura), da música e da literatura. Renvia-nos, contudo, no final, para uma conjunto de entradas, na sua maioria sobre conexões e desenvolvimentos artísticos deste movimento, onde surpreendentemente são referidas duas entradas tão díspares como capsule wardrobe e simple living. Relativamente desenvolvida, a entrada simple living é definida como um conjunto de diferentes práticas voluntárias, com uma dimensão política e económica, destinadas a simplificar o estilo de vida de uma pessoa.
Por sua vez, esta entrada que, como as anteriores, carece de creditação, remete-nos, para cerca de outras 30 entradas: (anti) consumismo, car-free movement, frugalidade, independência financeira, slow life, ócio, obsolescência programada, over-comsuption, produção orgânica, slow living, small houses movement, entre outras, como o complexo conceito taoista de (wei) Wu wei (ação sem ação)... Alguns autores defendem também relações entre simple living e os movimentos New age e Gaia.
Toda esta indefinição se explica pelo facto de, na linguagem humana, as palavras nascerem com a vida vivida e, só depois de «instaladas» na consciência coletiva, entrarem para o dicionário, o qual por definição é sempre conservador. Não podemos pois saber ao certo, hoje, o que é o Minimalismo, nem qual a sua dimensão.
É uma opção de vida, sim. Implica uma tomada de atitude consciente e proativa, dado ter de se afirmar contra a corrente dominante. Abrange uma grande diversidade de pessoas, dispersas pelo mundo considerado desenvolvido e não se pode dizer que tenha nem porta-vozes, nem teóricos reconhecidos enquanto tal. Em comum, os minimalistas têm a defesa de um consumo consciente e da preservação de alguns dos valores fundamentais da nossa espécie, nomeadamente o cuidado com o planeta Terra no seu todo: a natureza e os outros seres, sejam eles seres humanos, seres sencientes, seres vivos e mesmo sem vida, como as pedras e a terra.
No interior desta opção de vida encontramos sempre uma recusa inequívoca dos excessos que a sociedade de consumo nos impõe: futilidade, superficialidade, tralha material, física, emocional, psicológica; bem como a recusa do deslumbramento com a gratificação instantânea que ilude o esvaziamento progressivo do que significa estarmos vivos aqui e agora. E acredito que também convoca, mais do que a solidariedade, a fraternidade franciscana entre todos os habitantes da Terra e todos os elementos: irmão Sol, irmã Lua, irmão Vento, irmão Fogo, irmã Água, mãe Terra...
Será que estou a sonhar acordada (Am i daydreaming)?